Atualmente é comum distrair as crianças com ecrãs, como o telemóvel, o tablet, a televisão… quer seja à hora da refeição, no supermercado ou durante as viagens de carro.
Mas afinal, “que implicações poderá este comportamento ter no seu desenvolvimento? Que dicas dão os peritos?”
Apesar de ser um tema ainda em estudo, sabe-se que o uso excessivo de ecrãs está associado à FALTA DE DESENVOLVIMENTO das “capacidades físicas e cognitivas e que contribui para a obesidade, problemas de sono, depressão e ansiedade em idade pediátrica. (…) Os resultados apontam para uma possível associação entre o tempo passado em frente ao ecrã e o aumento de problemas de comportamento e de perturbação da linguagem.”
A existência de aplicações e de sites assinalados como educacionais “acabam por deixar os pais confortáveis com a exposição aos ecrãs.” É certo que “alguns são uma boa ferramenta para a aprendizagem de conhecimentos, como programas de televisão que ajudam as crianças a aprender números e letras” e que “usam estratégias conhecidas no desenvolvimento da linguagem: nomear objetos, ter personagens que falam diretamente para as crianças e dar oportunidade à criança para responder.”
No entanto, “a maioria dos efeitos positivos no desenvolvimento da criança defendidos pelos criadores nem sempre são cientificamente comprovados.”
Apesar dos benefícios, o tempo de ecrã significa menos tempo para brincar, estudar, falar ou dormir e menos conversa e brincadeira com os amigos.
Assim sendo, a “Associação Americana de Pediatria divulgou recomendações para o correto uso de ecrãs”:
1 – O tempo de ecrã não deve ser um tempo em que as crianças estejam sozinhas. Os adultos devem acompanhar na visualização dos conteúdos, ajudando a criança a interpretar o que vê.
2 – “Até aos 18 meses o tempo de ecrãs deve ser zero! Entre os 18 e os 24 meses pode ser introduzido conteúdo educativo.”
3 – “Entre os 2 e os 5 anos, o tempo de ecrã deve estar limitado a uma hora diária.”
4 – Quando estão em idade escolar “devem ser estabelecidos limites de tempo e tipo de programas permitidos, para que haja um equilíbrio entre o tempo de ecrãs e outras atividades.”
5 – “É normal que os adolescentes utilizem redes sociais. Estas muitas vezes servem de suporte emocional e são onde eles descobrem mais sobre o seu lugar no mundo. No entanto, é importante saber se os comportamentos do adolescente são adequados (online e no mundo real) e relembrá-los que as definições de privacidade não tornam os conteúdos realmente privados e o que partilham passa a fazer parte da sua pegada digital.”
6 – “É muito importante ter a certeza que os ecrãs não retiram tempo ao sono, à atividade física ou a outros comportamentos essenciais a um estilo de vida saudável.”
7 – “Devem ser definidos, em família, tempos sem ecrã que devem ser comuns a todos os membros da família. É importante ser um modelo a seguir, dar o exemplo!”
8 – “As atividades sem ecrãs, com interações cara a cara, tempo em família, exercício e brincadeiras no exterior devem ser predominantes na vida da criança. Este tempo de brincadeira livre promove a criatividade e o desenvolvimento psicomotor.”
10 – “O uso da tecnologia como um brinquedo para calar não é correto. As crianças devem desenvolver mecanismos de autorregulação e aprender a lidar com a frustração. Tente conversar sobre formas de resolver o problema, inventar alternativas para evitar o aborrecimento, acalmá-los e descobrir outras estratégias para canalizar as emoções.”
Fonte: Sociedade Portuguesa de Pediatria in Criança e Familia